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sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Espaço Homenagem Viva - [ Thiago Lucarini ]












Homenagem Viva












Maçã podre
Thiago Lucarini


Das cinzas
Da tragédia e da miséria 
Ergo-me feito 
Verme oportunista,
Gordo me lambuzo
Em busca de asquerosas 
Asas talhadas na lama 
Da imoralidade coaduna
A escuridão de mim.
Meu amor
É um pedaço 
De maçã podre
Jogado à sarjeta.
Fomos nos apodrecendo
Cada qual, favorecendo
O pior lado do outro.
Aqui não há flores
Somente enterros
Para saciar a fome de carne 
No final da sua evolução.






















Delirium
Thiago Lucarini


Imperdoável é o coração que não ama,
Pois no amor tudo se renova.
O amor vivifica até mesmo 
A mais cansada das almas. 
Quero meu fadário de amor irrevogável.
Porta do Céu, graxa do Paraíso,
Amantes eternos embebidos
No delírio febril e cativo
Do rio vermelho das chamas
Que aquecem o coração imortal
Dos apaixonados em conjunção.
Querido amor verdadeiro
Vamos fazer um acordo 
Cedo o meu coração para habitá-lo
E em troca, desejo toda a felicidade
Que puder me conceder.






















Líquido Reativo
Thiago Lucarini


Sou líquido instável, reativo
Torno-me autorreativo
Em condições de choques
Pressão ou multidões.
Preciso de inércia, raízes,
Correntes, concreto.
Não devo correr o risco
De atrito, não sei quantos
Pedaços eu serei se explodir
Ou se me reunirei sem trincados.
Sou napalm em contenção.
Por isso, covarde, permaneço
Na condição química
De estável, imóvel, morto.

[Define-se líquido 'instável' ou 'líquido reativo', quando um líquido na sua forma pura, comercial, como é produzido ou transportado, se polimerize, se decomponha ou se condense, violentamente, sob condições de choque, pressão ou temperatura. Norma Regulamentadora 20 - NR 20]





















Fim do show
Thiago Lucarini


Cinco da manhã
O galo enche o peito de ar
E abre o bico para o mundo
Sem saber que seu canto é inútil.
A tecnologia proveu ao homem
Galináceos de ferro, despertadores
Feitos de mecânica poesia rotineira.
Cabe ao galo ser canja e insistência,
Pois é um artista que não se deu conta
Que o seu show a muito terminou.





















Se Ainda Não Falei Das Rosas
Thiago Lucarini


Se ainda não falei das rosas
Perdoe-me, pois nenhum homem
É digno de ser amado se não ousou
Falar da beleza, do perfume, da devoção as rosas
Com suas pétalas cheias de mistérios
Palavras não ditas aos ordinários
Mas sussurradas aos ouvidos do poeta
Na calada da noite, na alva do dia.
Se ainda não falei das rosas
Banhadas em orvalho e doçura
Não mereço viver na face da terra
Devo ser condenado ao martírio
Pois maior crime não há
Do que aquele de não falar das rosas.









Homenagem Viva



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