Homenagem Viva
Até a exaustão, te aspiro.
Traço por traço, decoro;
Na face, um beijo, eu miro
E escorre poro por poro.
Na cama, teu corpo, reviro -
Com urgência, eu o devoro;
Me dispo, voraz, me atiro.
Nele, eu sossego e ancoro.
Meu peito celebra e giro -
Dança, cantando em coro.
Teu amor é afável retiro,
É porto seguro que moro.
Marcio Evair
Triunfo - Rio Grande do Sul
Sou do tango
E do fado;
Sou do verso,
Do poema cantado.
Sou do pranto
E do trago;
Sou controverso,
Boêmio e amargo.
Sou do asfalto
E do mato;
Sou do avesso,
Do abismo rimado.
Marcio Evair
Triunfo - Rio Grande do Sul
Sem você, eu morro -
Perco chão e meu norte.
E sem pedir socorro,
Silencio com um corte.
Sem você, eu corro
Contra a maré forte;
Sumo em surdo esporro -
Levo junto minha arte.
Sem você, escorro,
Feito sangue que verte -
Me transbordo e jorro
Pelo escoadouro da morte.
Marcio Evair
Triunfo - Rio Grande do Sul
Pra ti, me revelo
Sereno, sem nós -
Desato o novelo
E me solto, a sós.
Teu beijo, venero -
O retribuo, após.
Com desejo severo,
Silencio tua voz.
Por ti, eu velo
O afeto entre nós -
Suave e sincero,
Límpido, sem pós.
Marcio Evair
Triunfo - Rio Grande do Sul
De tempos em tempos,
Morro nessas linhas.
Desovo meus lamentos
E todas angústias minhas.
Marcio Evair
Triunfo - Rio Grande do Sul
Sou quem rola no chão
E sempre chora calado
Se tu não estás colado,
Sempre me dando atenção.
Sou, na nossa relação,
Esse pobre degenerado;
Um ciumento dissimulado,
O protagonista vilão.
Deverias sentir aversão
A esse ciúme depravado -
Sou este falto coitado
Que tu chamas de paixão.
Marcio Evair
Triunfo - Rio Grande do Sul
Pra ser sozinho tenho vocação -
Lado meu é dor, outro também.
O que uma vez foi combustão,
Hoje mal merece meu desdém.
Perante todo este turbilhão,
Aqui dentro, que me convém,
Se manifesta na frustração
A saudade que a dor contém.
Exausto, ofertei o coração,
Fiz um grande pacto a recém -
No ouvido do diabo, com paixão,
Sussurrei pai nosso sem amém.
Marcio Evair
Triunfo - Rio Grande do Sul
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