Espaço Poesia
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Máscaras!
Betimartins
Elizabete Ribeiro - Santo Tírso-Porto - Portugal
Tapei meu rosto, deixo-o coberto
A vergonha que cada dia eu vejo
Do ser humano sombrio e cruel
Da falta de caráter de cada um
Da impotência do seu caminhar
Da imbecilidade, da estupidez
Da falta de vergonha na cara
Do egoísmo, da inveja e da dor
Tapei meu rosto sim, sem medo!
Olhei para o céu e senti-me infiel
Ao meu Pai, ao meu Deus, o Criador
Que falta que Ele faz no coração
De cada um de nós, homens sem fé
Sem rumo, sem amor, sem sabedoria
Hoje a sociedade perdeu os valores
Valores morais, familiares e de união
É cada um por si e não importa escalar
Degraus em cima das vidas dos irmãos
Importa o lucro, o lucro das variadas igrejas
Os lucros dos governos para seu proveito
O lucro é a meta de um país, de um mundo
E as máscaras caem, elas caem por terra
Quando apenas se importa com bens materiais
Não importa perder tempo com os filhos
Nem mesmo com aquele que está aflito
Abram os canais, veja a TV, o que eles dizem
Tens a vida a cair por terra? Culpa da inveja
Culpa dos espíritos, venhamos à igreja, nós ajudamos
Tragam umas notas para que compremos algo
O vosso lugar no céu, no paraíso e não temam
Tudo vai correr bem, untem as nossas mãos
Para as tuas lágrimas é a minha maior salvação
Eu vivo da tua amargura e com teu silêncio
E vivemos na era dos maltrapilhos, dos ingratos
Dos caras de pau, sem leis e sem punição judicial
Apenas cubro o meu rosto na minha tristeza
Meu amado Pai, meu Senhor, meu Guia, minha Luz
Na esperança que amanhã seja um dia bem melhor
Na paz, na amizade e na unificação dos povos...
Anjo
Betimartins
Elizabete Ribeiro - Santo Tírso-Porto - Portugal
Desceste dos céus, apenas para mim
Em teu manto branco, cheio de leveza
Ondas de paz e amor trazem no teu regaço
Nas tuas palavras, apenas o doce e puro mel...
Não trazes a semente da discórdia, não!
Nem, muito menos a culpa ou dissabores
Apenas trazes no teu colo um belo ramo
De rosas brancas, puras e cheias de perfume...
Com elas, tu me perfumaste a minha alma de candura
Sem medos e sem escuridão, pegaste docemente em mim
E me ensinaste o caminho da luz, o caminho da esperança...
Anjo amigo, doce anjo de luz, tu reservaste-me a fé
Em cada passo meu, ensinaste a conversar com o Pai
Para que minha alma sossegue e transmita o amor e a paz...
Desistir? Não, Obrigado!
Luís Fontinha
Francisco Luís Rodrigues Fontinha - Alijó -Portugal
Desistir é dar-me como vencido
Um falhado
Desistir é ficar esquecido
Como um barco ancorado.
Desistir, eu? não!
Não vou desistir
E ainda tenho na mão
Uma rosa que me faz sorrir,
Tem pétalas e olhos de mar
Tem amor
Na manhã ao acordar,
Desistir, não obrigado.
Não vou desistir quando em mim tenho uma flor
Quando ao espelho vejo meu coração apaixonado.
O Silêncio de Amar
Luís Fontinha
Francisco Luís Rodrigues Fontinha - Alijó - Portugal
[e porque devemos ser livres de amar,
A todas as mulheres que amam mulheres]
Os púbis entrelaçados
Nos ramos de uma amoreira
Os pássaros em gritos cansados
Que se encostam aos púbis à lareira
quando quatro seios leem literatura
E os umbigos entretidos na poesia
Dois lábios se beijam com ternura
E duas coxas se desejam durante o dia
Uma boca e outra boca
Que mergulham na noite escura
E uma das mãos louca
Palmilhando os lençóis de seda escarlate
Que procura
O coração da outra que bate.
Distribuo sonhos
Mardilê Friedrich Fabre
São Leopoldo - RS
Vestida de madrugada,
invado sonos vazios.
Em silêncio, subo a escada
da emoção. Presa por fios
ao nada, espalho sonhos
de exaltação, de esperança...
Trago momentos risonhos,
que se escondem na lembrança.
Flutuo no ar a observar-te.
Teu rosto sorri sereno.
Acerco-me p'ra afagar-te.
Moves-te. Paro e te aceno.
Deixo-te. Melhor assim.
Não saberes que te vejo,
quando estás longe de mim
e quanto ainda te desejo!
Bordando a vida
Mardilê Friedrich Fabre
São Leopoldo - RS
Bordo minha vida
Com linhas de seda
Douradas e brilhantes.
As noites de insônia,
Teço-as com pontos cheios
À luz argêntea da lua.
As minhas dores,
Revisto-as de pontos renascença,
Transformando-as em quimeras.
A minha solidão,
Preencho-a com pontos trançados
De lembranças e ternura.
A minha descrença,
Remendo-a com ponto matiz,
Colorindo-a com a luz do amor.
O meu desconsolo,
Enfeito com pontos partidos,
Cicatrizando a ferida da ingratidão.
A minha saudade,
Detalho-a com ponto pétala,
Perfumando a estrada percorrida.
Os meus conflitos,
Mesclo-os com barras suspensas
De pontos de alinhavo,
Atando os desejos íntimos
Na profundidade dos mistérios
Da imensidão da minha existência.
Corro para ti
Eulalia Celeste Pereira Gonçalves
Porto-Portugal
Vou a correr, alucinada, p’rós teus braços
Como a cumprir uma tarefa derradeira
Como quem se perde e se encontra nos seus passos,
Como quem ‘squece, e vira as costas à terra inteira!!
Corro como quem renasce, depois de, velhinha,
Pôr velas e saudades, nos olhos a arder!!!
Como quem, de súbito, recupera o ver,
Depois de anos e anos ter sido ceguinha…
Corro p’ra ti, amor, com braçados de lírios
Nas mãos perfumadas de feno, há cansaços,
Memórias de uma cruz, lancinantes martírios…
E os nossos corpos que ardem como círios
Ficam, então, finalmente, exaustos e lassos,
Quando, no teu peito, desaguam meus delírios…
Como a cumprir uma tarefa derradeira
Como quem se perde e se encontra nos seus passos,
Como quem ‘squece, e vira as costas à terra inteira!!
Corro como quem renasce, depois de, velhinha,
Pôr velas e saudades, nos olhos a arder!!!
Como quem, de súbito, recupera o ver,
Depois de anos e anos ter sido ceguinha…
Corro p’ra ti, amor, com braçados de lírios
Nas mãos perfumadas de feno, há cansaços,
Memórias de uma cruz, lancinantes martírios…
E os nossos corpos que ardem como círios
Ficam, então, finalmente, exaustos e lassos,
Quando, no teu peito, desaguam meus delírios…
Sem ti
Eulalia Celestes Pereira Gonçalves
Porto-Portugal
E aqui me deixaste tu,
De olhos parados
nas corolas das flores.
Com as mãos lassas
Na seda dos lençóis
A mordiscar, ausente,
Os caules frágeis.
a respiração magoada
e nos olhos oblíquos
o brilho que fenece.
De olhos parados
nas corolas das flores.
Com as mãos lassas
Na seda dos lençóis
A mordiscar, ausente,
Os caules frágeis.
a respiração magoada
e nos olhos oblíquos
o brilho que fenece.
Exilada
Adivair Augusto Francisco [Kilamba]
Limeira-SP
És exilada aos meus olhos
És loucura morta, neste ansiar que por devaneios
Seguem-se a volver, tais meneios
Devolutos da razão,
Que tento fazer constar pelos meus dias
Doce abismo
É este desafio... D’onde vens...
D’onde vens... Ó Anjos da redenção?
Da Lua, que prateada,
Tornou-se nossa cúmplice
Tornou-se a luz
Que ainda faz-me ver
Os teus olhos belos,
Como relâmpagos
A indicar-me as tempestades
Que são as torrentes da vida
E por ele deleitar em calmaria
E sonhar acordado,
Pois a sombra da noite,
Temo sofrer,
Por tanta solidão.
És ainda este clarão
Que me faz envaidecer
As estrelas,
Para que elas não invadam-te o brilho,
Pois este é teu...
E nem mesmo,
Estas sublimes belezas de Deus,
Pode obstruir
O teu luzir,
Quer de alma,
Quer de corpo.
Perdoai-me pela podridão,
Destes ensejos
Dados em versos
E quase mais prosa.
Perdoai-me... Por não esquecer,
A lua,
Os encantos,
Por não ser resoluto
E absoluto de coração
E decisão.
Viveiro de Delícias
Adivair Augusto Francisco [Kilamba]
Limeira-SP
Sem seguir os mandamentos
Vive ante
Este viveiro de delícias
Ao sabor da tua sedução
Entremeada,
Por esta rasteira razão
Esta rasteira razão que...
Embriaga-me
Embriaga-me
Ó tesão...
Desejo pautar
Descortinar,
O teu corpo
Sensacionalmente
Delicioso...
Gostoso.
Sei que as dádivas
Ofertaram-te
A premissa de uma
Fixa vaidade,
Que na verdade
Atiça...
Atiça...
Este desvario
consubstanciado por
Delícias...
Delícias...
Sombras de Veludo
Marli Franco
São Paulo-SP
As tuas mãos surgem do nada me acorrentando,
Nas ondas quentes do teu leito vou naufragando...
Na jura da paixão, deitada no convés da verdade,
Num universo incansável de ávida saudade.
O teu olhar aparece sem aviso, chega inquietante
Buscando explicações como um vento vibrante.
Joga palavras de sombras no barco da fantasia,
Solicitando a minha nudez no teu olhar de ousadia.
Exposta como clave de sol no lume do amor,
A minha voz emudece no teu beijo avassalador...
O meu corpo treme nos acordes da tua mão...
No temporal veleja a sonata da fascinação.
Não existe volta no reino perfeito da promessa...
Somos as sombras de veludo na paixão confessa,
Gemido da aventura, o grito de um êxtase lírico.
Somos um suspiro único, navegantes do amor onírico.
O Sorriso
[Encenação Quixotesca]
Marli Franco
São Paulo-SP
Quero pintar as asas de um cata-vento
No quadro com versos escritos ao relento
Com tintas de hoje no século de Dom Quixote
Quero ser a avatar sem tranças como um dote.
Vou fechar os olhos e resgatar você nesta criação
Nas linhas de Cervantes deixar livre a imaginação
E me cobrir com as imagens das letras em nuances
Na luz da ilusão ver a plena sensação do romance.
Vou vestir-me de camponesa no moinho desgovernado
Dar voltas ao sabor dos ventos em confronto desengonçado
Criar desenhos coloridos na saia para correr na campina.
Quero girar e girar nas palas coloridas do cata-vento valente
Deixar o quadro virar teatro e você olhar surpreso de repente
A cortina se abrir e a Dulcinéia a sorrir para ti no topo da colina.
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