Homenagem Viva
Faltas e Demoras
José Antonio Jacob
Juiz de Fora - MG
Tu que andas nesta vida sem saber
Por que vives e sonhas e ainda ignoras
Que a minha alma te segue pelas horas,
Como a luz que acompanha o Amanhecer.
Não disfarces assim tuas auroras,
Pois que finjo de mesmo eu compreender
As razões dessas faltas e demoras
E do mal que isto está a me fazer.
Não vês que a dor que sinto é insanidade,
Qual doença que se instala e não desiste
De alastrar-se nas almas onde invade?
Esse amor que desejo, se ele existe,
Deve estar muito longe e muito triste
Ou deve ser então uma saudade...
Silêncio em Casa
José Antonio Jacob
Juiz de Fora - MG
Quando eu a beijava timidamente
Ela fremia o rosto, emocionada,
E dizia uma frase delicada
Para o nosso namoro adolescente.
Depois o nosso amor ficou frequente
E ela, com a voz ávida e molhada,
Falava-me em dialeto diferente
Malícias de mulher apaixonada.
Um dia veio um tempo de descrença,
Deixando em nossa casa a indiferença
E o amor não teve mais razão de ser.
Restou-nos um silêncio reticente...
E sempre que nos vemos frente a frente
Não temos nada mais a nos dizer.
Almas sem Flores
José Antonio Jacob
Juiz de Fora - MG
Tenho tido a tristeza do meu lado
E os olhos cheios de visões de outrora,
Com fantasmas que chegam do passado
E entram por minha porta em qualquer hora.
Eles trazem um vento desolado,
E assim, tal qual o inverno que demora,
Esses duendes, que custam ir embora,
Zombam de mim... E eu fico mais calado...
Uns vestem-se de reis, outros esmolam,
Outros tantos se esmurram que se esfolam,
Que ao andarem o mal rasteja atrás.
Eu tenho a casa cheia com as dores
Dessas almas, que nunca deram flores,
Eu tenho apenas isso... Nada mais!
Porta-retratos
José Antonio Jacob
Juiz de Fora - MG
Vivemos em distancias sem medida,
Depois do agora existe o além do após,
As horas estão sempre de partida
E nada volta inteiro para nós.
O Amanhã é uma crença indefinida,
[Não há ninguém que escute a mesma voz?]
O Tempo passa os dias com a Vida
A nos fazer de filhos, pais e avós...
Por isto flerto os seus olhos abstratos,
Que me espreitam da estampa do papel
Pelos vitrais do seu porta-retratos...
Preciso ir ao infinito lhe encontrar!
Vou entrar nestes olhos para o céu
E nunca mais voltar do seu olhar!
A saudade sempre pede mais
José Antonio Jacob
Juiz de Fora - MG
A saudade que agora me procura
É como a brisa que vem lá de fora,
Rompendo a madrugada e abrindo a aurora
Do meu olhar descrente de ventura.
Mas a dor que me aflige é uma ternura,
Pois que ela é teu pedaço que aqui mora
E só ponho no olhar minha amargura
Quando a tua lembrança vai embora.
A dor ofende igual uma saudade:
Quando a dor incide a saudade invade,
As duas se assemelham, são iguais!
A saudade nos fere e dói demais...
E a dor magoa a gente sem piedade,
Porque a saudade sempre pede mais!
Um comentário:
Boa noite Celso, bonita homenagem a José Antonio Jacob!Parabéns!!Abraços, Vanice.
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