[ ... A poesia em ação... ]
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Somos Culpados
Orides Siqueira
Arroio Grande - RS
Na vida tudo é questão de tempo
A tempos nossa alma ouve este discurso
Mas não fazemos nada para mudar o percurso
Apenas ficamos ensaiando e jogando palavras ao vento
Palavras esmagam a coragem
Sem querer e nem poder ocupar o vácuo
Esquecemos que o amor faz bem ao coração
E que ganhamos fôlego com a ilusão
Dizimamos desejos, arrancamos do peito a paixão
Renegamos o sentido da emoção
Esquecemos a magia e a loucura
Ignoramos que precisamos desta soma combinada com a ternura
Criamos e queremos a sobrevivência do nosso enredo
Mas esquecemos que o amor é o maior segredo
Devemos e podemos usar a sanidade
Em nome da paixão e da verdade
Canto novo
Marília de Souza Abduani
Minas Gerais - MG
A alma
bicho solto,
livre das velhas penas,
voa como pássaro assustado
pelos andaimes da imaginação.
O canto novo
repõe as harmonias
e as forças.
Enfraquecem as penúrias e os medos.
A noite paralisa e nasce o dia.
O vento dedilha canções de esperança,
enquanto nuvens claras despontam.
É primavera novamente.
Você é o que deseja ser
Valcirene Basílio Garcia Bezerra [ Lady Val ]
Guarujá - SP
Sou um barco a deriva
Sou o pescador... A canoa
Eu sou o peixe que vem do mar
Sou o rio de água doce
O vento a soprar
Sou a força da maré
Que tudo arranca nas margens
Sou a delicadeza da água
Que contorna seus obstáculos
Sou a nascente mais pura
A correnteza mais bravia
Um ser humano em contradição
Sou o por do sol ao longe
Sou o voltar para casa
E encontrar a sua doce companhia!
Onde o sol desponta...
Ana Maria Peralva Cordeiro [ Anna Peralva ]
São Gonçalo - RJ
Há um sonhar que o olhar tece
e que ninguém desata os nós.
Na hora certa tudo acontece
e quando pronta, consegue sentir
o vento assobiando tua canção,
acariciando teus cabelos.
Relembra a magia da dança
e deixa o coração seguir
o som místico da lembrança.
E a liberdade de ser te conduz
a alçar voo. No verso em estesia
olha o milagre da vida florindo
em silêncio ao teu redor...
Sinta a brisa suave da paz
e a energia vibrante da luz
espargindo nas dobras do tempo.
Desperta da letargia e traga tua face
para onde o sol desponta...
Esqueça mágoas ou ressentimentos.
Deixa teu corpo leve e exposto,
liberta a verdade sem disfarce.
Canto o amor, sentimento maior
e as sombras hão de ficar para trás,
pois não aceitam a alma sorrindo
e a felicidade refletindo em teu rosto...
Sombras e luzes não combinam, nem se misturam!
Sigo teu voo! Sempre para onde o sol desponta...
Nele há uma força tamanha, que a sombra não afronta!
Liberdade
Silvia Giovatto [ Faffi ]
Todo pássaro é livre... não os prenda
Deixe que eles voem em direção ao vento
Dos frutos das árvores eles vão se alimentar
fazendo ninhos, para abrigar seus rebentos.
Cantam na madrugada, para acordar o mundo
de um sonho mal ou de um sono profundo
Um grande espetáculo que a natureza adora
aplaudindo entusiasmada quando o sol aflora.
Seu canto ecoa, misturando-se ao som do vento
Esse canto que outrora era mais profundo,
com a devastação das matas, foi se reduzindo.
Agradeço a Deus, por tudo isso testemunhar
se não existissem pássaros livres a cantar
Como seria o meu melancólico caminhar.
Oração da Vida
Rogério Miranda [ Poeta da Paz ]
Rio de Janeiro - RJ
Desta infinita bondade de onde nasce a esperança,
um anjo protege a vida.
Dando liberdade aos sonhos que busca na solidão
de uma prece a chama do destino,
queimando no castiçal do altar aos pés do milagre.
Deus escuta todos os prantos,
enviando seus anjos de luz para dar a mão ao coração
e passear pela vida colhendo sonhos;
Se a tristeza colocar o olhar no caminho da dor,
a alma se desliga do sofrimento,
indo até o solo sagrado de uma oração,
para escutar a salvação do amém da prece,
de onde o mestre medita na solidão das estrelas.
Os anjos são premiados com a pureza do pensamento
que busca no destino sagrado da Fé,
onde vida se enche de esperança buscando em todos os sonhos,
o amor divino que ficou nas orações da vida.
Sete Mares
Arthur Jaak Wilfrid Bosmans
Belo Horizonte - MG
Caminho pelo imaginário descansar,
No permanente desfazer de tristezas.
Despenco das alturas das lembranças,
E como pluma sobrevôo os sete mares.
No primeiro me despeço das saudades,
Tormentos das minhas esperanças passadas.
Passo a ter mais brilho como novo reflexo,
Dos mesmos cristais que se quebraram.
Segundo mar é lugar de abastecer de brisas,
Imperfeito nas ondulações das suas águas,
Monótonas e enganosas, aguarda suas vítimas,
Perdidas pelo entardecer, devoradas pelo luar.
Este mar foi nosso, o terceiro, lembra?
Onde naufragamos em tantos enganos.
Onde naufragamos em tantos enganos.
Perdemos nossos anéis, nosso caminhar,
Tesouro perdido no fundo dos nossos desejos.
O quarto é segredo de aparência mística,
Trancado a sete chaves, por Netuno e Luara.
Ali, cavalgam as belas Ondinas em seus golfinhos,
Fazendo os corpos se moverem livres em seus desejos.
E marcado de sangue a cada mês da fêmea,
Cenário de guerra é o quinto mar,
Onde apenas o mais rápido de algum exército,
Ainda pode trazer ao mundo uma esperança de paz.
Escondido sob espinhos, pétalas e perfumes,
O sexto mar não é nenhum mar de rosas,
São inconstantes suas ondas e marés,
Mistério que só as fases da lua determinam.
No silêncio de suas antigas histórias,
Enigmático na sem vida de suas águas,
Revela o sétimo mar, toda a dor da minha saudade,
Nos manuscritos de um amar morto.
Desaparecimento
Karla Bardanza
Rio de Janeiro - RJ
Essa violação toda minha pelas tuas palavras foi tão rápida.
Foi tão grave e intensa.
Abri todos os meus abismos para você olhar,
Inclusive aqueles que já enterrei tantas vezes.
Eu te entreguei todas as minhas constelações e até o meu Sol em escorpião.
Esvaziei todos os meus bolsos,
jogamos mas, as melhores cartadas sempre foram tuas.
Não posso pagar o que não tenho.
Não posso viver o que está além do meu [des]ententimento.
Então, permito-me desaparecer em mim mesmo neste momento.
O amanhã não terá olhos.
O amanhã chama-se ontem.
Adormeci a vida
Rosa Maria
Sintra - Portugal
Adormeci a vida... afundei-me no mar bravio... fiquei nua
Espalhei ao vento... os segredos... os medos... todos os restos
Expus as cicatrizes... raízes profundas duma noite sem lua
Fiz do silêncio a minha voz... fiz dos sonhos os meus desertos
Calo as palavras... embriago-me... bebo-me... mergulho em mim
Deito-me sobre as pedras... dispo na noite... os meus cansaços
Já nada espero... nada quero... junto os pedaços do que não vivi
Sou a sombra de mim... sou o chão desfeito dos meus passos
De mãos estendidas... espero o nada que me dá a morte
Adormeço a vida... sem gestos... sem braços... sem mim
Carrego nos ombros cansados... o frio que me dá a noite
No corpo vazio... carrego a desilusão... que me dá o fim
Adormeço na terra fria... choro a solidão escrita em poesia
Olho-me e não me encontro... quebrou-se o espelho da vida
Rasgo a carne que me cobre... choro o meu corpo em agonia
Se vivo não sei... se estou morta... sei lá... estou apenas ferida
No frio da noite... na escuridão do dia... sou o grito da morte
Sou o adeus mudo... sou a solidão... do meu corpo de mulher
Sou a lágrima que me escorre de mansinho... sou vento norte
Caí e levantei-me tantas vezes... despedacei-me... rasguei a pele
Guardei a dor... no fundo de mim... calei o grito... anoiteci
Soletrei os meus cansaços... amordacei no peito as mágoas
Rasguei as palavras... deitei-as ao vento... caminhei sem mim
Entreguei meu corpo ao mar... vi correr as minhas lágrimas.
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